sexta-feira, novembro 18, 2011

Ironias do Destino

De vez em quando, rebuscando pelos arquivos, descobrimos quão irónico pode ser o destino. Atentem nesta foto publicada pelo Record online esta semana:
Ignorem o homoerotismo latente nesta imagem em que rapazes em trajos menores exuberam com demasiada proximidade. Estávamos em 2000, o mundo não colapsara, o casamento gay ainda era uma utopia e o FC Porto acabara de vencer a finalíssima da Taça de Portugal ao Sporting. Estes cinco rapazes (ou seis, com aquele tapado pelo Domingos - Alessandro, o cambalhota? - não vem ao caso) festejam a derrota do Sporting… desconhecendo que os seus destinos viriam a estar umbilicalmente ligados ao clube que acabavam de derrotar. Senão vejamos:

- Secretário: bom, na realidade, este não viria a ter relações futuras com o Sporting, para além de algum eventual riso dos seus adeptos pelas suas [inserir adjectivo à escolha] exibições. Mas nesse mesmo ano, Secretário já tinha entregado com os pés e ao cuidado de Acosta o bilhete para o título sportinguista, num episódio já deveras escalpelizado. A gratidão dos sedentos adeptos leoninos para com este [inserir substantivo condizente com o adjectivo introduzido acima] foi imensa. Tal foi a dimensão desta oferta que os médicos designaram o efeito da prenda de Secretário nos adeptos portistas como o “Reflexo de Chainho” – ou uma forte enxaqueca, simultânea a uma enorme incredulidade, traduzindo-se num levar de mãos à cabeça e num sibilino desabafo de “aaiiiiiiiiiiiii, que já fomos!”.

- Jardel: a maior cabeça do futebol indígena – definitivamente, não pela sua dimensão intelectual mas sim pela sua eficácia concretizadora usando a testa – viria, um par de anos depois, a fazer uma temporada brilhante no grémio de Alvalade. Nesse ano, monsieur Bölöni a été très content avec lui et son père, João Pinto, e tudo correu às mil maravilhas sob o signo do guaraná. Sol de pouca dura, porém, porque depois de piscinas e etc. a carreira de Super Mário ficaria como ele próprio nesta foto – de tanga.

- Domingos: a sombra de Jardel, que apenas jogara escassos minutos neste jogo, parecia ser o mais bem-disposto deste grupo, dançando e cantando com uma camisola do Sporting a cobrir-lhe as partes baixas. O Sporting era, aliás, o seu alvo predilecto e aquela camisola parecia uma espécie de troféu de caça. O canto de Alvalade já lhe tinha sido lançado havia pouco tempo, mas Mingos jurava fidelidade azul-e-branca. Pois é, passada cerca de uma década, eis que Mingos vê-se a liderar as hostes verdes-e-brancas e com um cabelo com muito mais estilo.

- Clayton: marcou um golo nesse jogo e estava a viver nos píncaros da sua carreira, depois de ter despontado no Santa Clara – o que, por si só, foi um feito. Depois, viria a ser trocado por esse eterno miúdo que nunca usou Clearasil que era Ricardo Fernandes e partiria de malas e bagagens para o Real Madrid (estou a brincar, era mesmo o Sporting) e aí conheceria os últimos e ténues raios de luz de uma carreira a descair para o ocaso. Há quem diga que se dedicou a fazer de garoto-propaganda da Pizza Hut. Mas deixem lá, que George, o seu sidekick no Santa Clara, após uma carreira nos Açores e nesse colosso venezuelano que é o Carabobo FC, certamente não fez melhor.

- Rubens Júnior – de facto, este não teve nenhuma relação especial com o Sporting. Ainda bem para o clube. Todas as fotografias têm o seu Emplastro e alguém que segura a Taça para que os outros se possam divertir à vontade.

domingo, novembro 13, 2011

Diferentes Similitudes

Quem não se lembra de Mbo Mpenza? Para quem não se lembra, eis umas pistas: veio para o Sporting no dealbar do ano 2000 e ajudou o grémio lisboeta a vencer o título que andava fugidio daquelas bandas como Ricardo Carvalho dos estágios da Selecção. Com ele assentaram arraiais em Alvalade César Prates, um lateral cristão com propensão para jogar com os calções subidos até às orelhas, so help him God, e André Cruz, um central que costumava derrubar corujas ensonadas com os seus pontapés certeiros disparados do cadeirão de onde soía jogar. Mpenza era do país do Tintin e talvez a sua família tenha servido de inspiração para a infame aventura desse sósia de Ronald Koeman pelo Congo. Ao contrário de Defour, confundido com uma oferta promocional que se oferece às pessoas à saída do metro em horas de ponta, parece que a factura do Standard Liège chegou a tempo e horas no seu caso.
Bem, mas digam-me lá que Mpenza não era uma versão do Seal de 1990? Aposto que a Heidi Klum não daria por nada e até aprovaria o facto de Mpenza ter uma cara menos cicatrizada que a foca cantora. Tudo isto para grande inveja de Javi García, o homem que coloca a mão em frente da boca e os cotovelos um pouco por todo o lado, que não consegue compreender porque é que “el negrón” ficou com uma loura que é modelo internacional e ele só conseguiu uma piscadela de olho da D. Maria das Dores, a empregada de limpeza sénior do Estádio da Luz com os dentes mais bonitos da zona, tanto um como o outro (há quem diga que foi por causa das cataratas dela).
 

Zé Pedro, o médio tecnicista sadino e não o guitarrista dos Rolling Stones portugueses, é um exemplo de polivalência. Por exemplo, com uns óculos escuros é o Howard Stern; com um bigode e uma mosca é o Frank Zappa; com uma bola nos pés é uma maravilha, mas não lhe peçam para correr.

Já Mário Loja, o veterano defesa que se fixou a distribuir bandarilhadas no Boavista, é o Pedrito de Portugal com os testículos ainda intactos. O Boavista que anda a tentar esquivar-se, ensanguentado, da estocada final. Foram anos de tourada que agora poderão sair caros. Esta é mesmo uma actividade cruel.


E Niquinha, o eterno dínamo vilacondense, e Sérgio China, outro motor que passeou o seu pulmão lá pelos lados dos Arcos? Não sei se são parecidos com alguém em particular, mas têm mesmo cara de duo de sertanejo. O duplo álbum prometido há mais de uma década, “China & Niquinha Come Alive”, está aí, à espera que a Discossete ou a Espacial lhe peguem – uma espécie de “Chinese Democracy” dos Guns N’ Roses, versão forró. Para já, o amarelo do ouro do disco que, por mérito, será deles, está distante, arisco como um Bolinhas à procura de linhas de passe para a finalização – mas, em contrapartida, os cartões amarelos que viram saltar como torradas fumegantes dos bolsos dos árbitros dão já para forrar as paredes de suas casas.
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